A União Recreativa do Dafundo remonta a 1937, quando foi fundada com foco inicial no futebol. Com o tempo, a URD diversificou as suas atividades desportivas, adaptando-se às demandas e interesses da comunidade. A ginástica tornou-se uma das principais modalidades, refletindo o compromisso do clube em oferecer uma variedade de oportunidades desportivas para todas as idades.
A atual Presidente Bruna Coelho, uma jovem com 32 anos de idade, mudou-se para Lisboa em 2009 para integrar o centro de rendimento de ginástica aeróbica. Embora tenha concluído o 12º ano na Amélia Rey Colaço, nascida em Loulé, Faro, sou natural do Algarve. Convidada a vir para cá, aceitei o desafio, embora, na época, tenha sido um choque, dado que tinha apenas 16 anos. A Federação tinha um contrato com a URD, e treinávamos inicialmente na nave, posteriormente nos Bombeiros de Barcarena e, mais tarde no FMH e no Lisboa Ginásio Clube, até voltarmos cá.
Em 2016, comecei a dar treinos no URD, e posteriormente fui convidada a ser coordenadora da ginástica, com apenas 22 anos. Quando cheguei, tínhamos cerca de 16 ginastas; no segundo ano, passamos para 56 e, no ano seguinte, para 78. Desde então, crescemos até aos atuais 172, com parcerias com outros clubes, embora durante a pandemia, tenhamos regredido um pouco.
Em 2018, a União Recreativa da Dafundo (URD) enfrentava tempos difíceis. Sob a gestão de uma direção envelhecida, o clube estava à beira do colapso financeiro. Ordenados em atraso, contas acumuladas e a iminência do fechamento das portas eram a realidade preocupante que se impunha. Foi nesse cenário desafiador que Bruna Coelho, uma jovem de 32 anos com uma paixão ardente pelo clube, assumiu um papel crucial na direção.
“Quando cheguei, parecia que não havia direção”, recorda Bruna, agora Presidente do clube. “A situação era de sobrevivência pura.”
Armindo Soares, atual vereador na Câmara Municipal de Oeiras e presidente dos bombeiros locais, sensibilizado pela situação precária da URD, ofereceu ajuda, reconhecendo o papel vital que o clube desempenhava na comunidade.
“O Armando ligou-me um dia para dizer que sabia da nossa situação. Estávamos quase a fechar as portas”, relata Bruna.
A gestão emocional dos treinadores, embora compassiva, revelou-se insustentável. Bruna percebeu a necessidade de uma abordagem mais pragmática e financeiramente sólida. Assim, assumiu a vice-presidência, trazendo consigo uma visão clara e uma determinação incansável para salvar o clube.
“Os treinadores falam com o coração, mas um gestor precisa pensar com a cabeça”, explica Bruna. “Insisti em trazer uma abordagem mais racional para a direção.”
Durante dois anos, a nova direção concentrou-se na árdua tarefa de sanear as finanças do clube. Com a ajuda de doações de empresas locais, esforços voluntários e até sacrifícios pessoais, gradualmente as dívidas foram sendo pagas. Desde ordenados em atraso até indenizações trabalhistas, cada pagamento era uma vitória na jornada de recuperação da URD.
“Não foi fácil”, admite Bruna. “Mas a prioridade era clara: salvar o clube.”
Com as finanças estabilizadas, a direção voltou-se para a renovação das instalações. A fachada do edifício foi restaurada, a nave ganhou nova vida e até mesmo a velha carrinha do clube foi substituída. Com determinação e perseverança, a URD emergiu de suas dificuldades financeiras, mais forte e resiliente do que nunca.
Hoje, a União Recreativa da Dafundo é um farol de esperança na comunidade. Sob a liderança visionária de Bruna Coelho, o clube não apenas sobreviveu, mas prosperou. Com um novo espírito de solidariedade e compromisso, a URD continua a ser um símbolo de resiliência e superação.
No entanto, nosso crescimento trouxe desafios, especialmente a necessidade de mais espaço e apoio financeiro para competições e representações internacionais. Embora tenhamos tentado obter apoio de várias empresas, ainda enfrentamos dificuldades nesse sentido. Seria de grande ajuda se pudéssemos contar com o apoio da comunidade e de empresas locais para alcançar nossos objetivos.
Hoje, a ginástica é a atividade principal do clube, oferecendo uma ampla gama de disciplinas que atraem participantes de todas as idades e níveis de habilidade.
“Praticamente todas as disciplinas estão disponíveis na URD, exceto a ginástica rítmica”, revela Bruna Coelho, presidente do clube. “Desde a ginástica acrobática até aos trampolins e à ginástica artística, a nossa oferta é diversificada e abrange os interesses de muitos.”
Além das disciplinas tradicionais, o clube também abraçou o karaté, uma adição recente que já rendeu frutos impressionantes. Com atletas que conquistaram títulos nacionais e competem em nível internacional, o karaté tornou-se uma parte integral da identidade desportiva da URD.
“O karaté trouxe uma nova energia para o clube”, afirma Bruna. “É incrível ver nossos jovens atletas alcançando sucesso em competições de alto nível.”
Outra disciplina em ascensão é a ginástica aeróbica, na qual a URD já conquistou medalhas em campeonatos mundiais e europeus. Agora, com os trampolins ganhando destaque, o clube mira também o sucesso nesse campo, com atletas competindo em níveis cada vez mais altos.
“Na URD, acreditamos que a ginástica é para todos, independentemente da idade ou habilidade”, destaca Bruna. “Estamos comprometidos em promover uma cultura de inclusão e excelência em tudo o que fazemos.”
Destacando a amplitude das aspirações do clube, Bruna compartilha uma história inspiradora: “Tivemos uma ginasta que participou de um projeto olímpico. Foi uma experiência incrível para todos nós, ver uma de nossas próprias atletas alcançando um patamar tão elevado.
Apesar do sucesso e do crescimento contínuo da União Recreativa do Dafundo (URD), enfrentamos desafios significativos que precisamos superar para sustentar a nossa trajetória ascendente. Uma das nossas maiores necessidades, dada essa expansão, é a falta de espaço adequado para acomodar todos os nossos atletas e atividades.
Embora tenhamos uma sede própria, as instalações e salas disponíveis não são suficientes para atender à procura crescente. Estamos a crescer em número de atletas, e isso requer espaços adicionais ou até mesmo a criação de polos de treinamento em outras localidades para conseguirmos ampliar a nossa capacidade de acolhimento.
Além disso, enfrentamos desafios financeiros significativos, especialmente no que diz respeito ao apoio aos nossos atletas em competições internacionais. A preparação e participação em campeonatos europeus, mundiais e outras representações internacionais exigem recursos financeiros consideráveis. Desde os custos com equipamentos, até as taxas de inscrição nas competições, estamos a falar de despesas muito elevadas.
Para ilustrar melhor essa questão, podemos considerar que os ténis de competição podem custar mais de 150 euros, e uma ginasta pode precisar de mais de um par por temporada.
No que diz respeito às competições internacionais, os custos são ainda mais elevados. A participação em campeonatos da Europa ou do mundo pode custar em média de 1600 a 1700 euros por atleta.
Apesar dos esforços do clube na procura de apoio financeiro por meio de parcerias e solicitações a empresas, temos enfrentado dificuldades em obter o suporte necessário. Reconhecemos a importância de garantir recursos adequados para apoiar os nossos atletas e qualquer ajuda nesse sentido seria muito bem-vinda e valorizada.