Costuma-se dizer que o dom nasce com a pessoa e Joana Cravo é um exemplo
dessa expressão popular. Desde muito nova que a atriz de 21 anos,
natural de Linda-a-Velha (Oeiras), manifestou um gosto especial pela representação e com esforço e dedicação concretizou um sonho de criança.
Imaginava subir a um palco, interpretando diversas personagens e a emocionar plateias inteiras com o seu talento? «Lembro-me quando tinha três anos as pessoas perguntarem-me o que é que eu quero ser? Ao que eu respondia atriz e cantora». Os pais de Joana Cravo ainda tinham esperança que desistisse da ideia de ser atriz, planeando talvez um caminho mais seguro. No entanto, Joana contava com a influência e apoio da sua avó paterna, a talentosa cantora Margarida Cravo, com quem chegou a ter aulas de canto depois das aulas. «Recordo-me de sair das aulas quando era bem pequenina, todos os dias ia para casa da minha avó ter aulas de canto. Também fazíamos muitos teatros, brincávamos, colocávamos jóias e vestidos. A minha avó foi e é uma grande inspiração para mim, faleceu no ano passado e vai ser para sempre uma grande referência. A minha avó sempre me passou os valores que nós temos que ter, enquanto pessoas», refere.
«A minha avó paterna foi e é uma grande inspiração para mim»
A avó, compreendendo profundamente o amor de Joana pelo palco, encorajava-a a seguir os seus sonhos, compartilhando histórias das suas próprias experiências e inspirando-a com o seu entusiasmo e dedicação à arte de representar. Foi a responsável por levar a Joana pela primeira vez a assistir a uma peça de teatro. «Eu ia muitas vezes com a minha avó ao teatro de Linda-a-Velha. Lembro-me de ser muito pequenina e estar mascarada, sentada na fila da frente ao lado da minha avó e estava preparadíssima para que me chamassem para o palco. Eu achava que haveria um momento em que paravam o espetáculo e me chamavam porque eu sentia-me preparada», recorda com entusiamo.
Joana Cravo foi ginasta federada durante oito anos no Sport Algés e Dafundo
Além do gosto pela representação, Joana foi atleta federada de ginástica no Sport Algés e Dafundo durante oito anos, onde obteve algumas ferramentas para a sua vida pessoal e profissional. «Ajudou-me muito a ganhar confiança em mim mesma e método de trabalho». A disciplina, a força de vontade e a capacidade de superação desenvolvidas durante os treinos e competições, auxiliaram-na a enfrentar os desafios da carreira de atriz, com resiliência e determinação. A sua determinação e o objetivo de ser atriz, levou Joana a entrar aos 12 anos para o Grupo de Teatro Jovem em Linda-a-Velha, que frequentou com grande entusiasmo. Foi neste grupo que aprendeu as primeiras técnicas de interpretação e representação, sob a orientação dos professores. «Deu-me a confiança para estar num palco e para ter as primeiras sensações do que é ter um público à frente, é uma escola que guardo no meu coração.» Foi a partir de uma professora de teatro, Maria João Falcão, que Joana conheceu a Escola Profissional de Teatro de Cascais (EPTC). Maria João reconhecendo o talento e a dedicação de Joana, sugeriu que se inscrevesse para aprofundar ainda mais as suas competências, e foi a partir deste momento que coloca de lado a ginástica e ingressa na EPTC.
Joana estreou-se no mundo da representação no Grupo de Teatro Jovem de Linda-a-Velha
Durante o percurso na Escola Profissional de Teatro de Cascais, Joana teve uma formação rigorosa, que incidia na aquisição de técnicas de interpretação, expressão corporal, voz, dicção. «Saí desta escola com bases maravilhosas, tive muito bons professores, tem uma preparação muito boa para atores, tenho a certeza absoluta de que entrei uma pessoa e saí outra.» Durante estes três anos de estudos, participou em algumas produções teatrais, integrou o elenco de peças como Casemiro e Carolina (2022), Os Gigantes da Montanha (2021) e Este é o Meu Corpo (2023).
Do final do curso da EPTC até à OPTO
Após concluir os estudos na Escola Profissional de Teatro de Cascais, Joana participa numa curta-metragem académica, onde se dedicou de alma e coração para que tivesse o melhor desempenho. Foram surgindo outros trabalhos de curta duração com menor visibilidade, mas Joana nunca deixou que isso diminuísse a sua paixão e dedicação pela representação.
Joana é a protagonista da série Os Eleitos transmitida na OPTO
Decide começar a trabalhar numa loja de shopping para ter a sua independência financeira, mas esta experiência laboral foi também importante para a sua vida futura como atriz. «Eu sou uma atriz e vou usar esta experiência profissional para o meu trabalho. Quando fizer um papel de uma colaboradora de uma loja vou fazer desta maneira», revela a atriz. Passado um ano desde o término do seu curso na EPTC, Joana Cravo não tinha definido projetos concretos para a sua carreira de atriz e decidiu inscreve-se na Escola Superior de Teatro e Cinema. Fez as audições e entrou, mas foi um telefonema do seu agente que a faz mudar de planos. «A minha avó tinha acabado de falecer e passado uma semana eu recebi um telefonema a informar-me que tinha entrado na novela da SIC, «Papel Principal» e que iria protagonizar uma série da OPTO. A partir daquele momento a minha vida mudou», recorda com orgulho. Atualmente podemos ver a atriz na série Os Eleitos, que chegou à OPTO, plataforma de streaming da SIC, que retrata um drama desportivo onde Joana interpreta a personagem Diana Pais, uma das maiores promessas do atletismo nacional.
Terminadas as gravações da série, a atriz já tem planos definidos para a sua vida profissional. Manifesta o desejo de continuar em Portugal, pois acredita que ainda há muito para explorar: «A indústria está a ficar cada vez melhor e com mais qualidade. Nós já temos coisas com muita qualidade em Portugal.» Além disso, Joana sente uma grande necessidade de voltar ao teatro: «Quero voltar ao teatro que já tenho saudades, depois de muitos meses a fazer televisão tenho saudades do palco». No futuro, pretende fazer cinema e seguir com uma carreira internacional.
Texto e Fotos: Bruno Taveira