João Manuel Antunes: “É mais fácil um casamento do que um divórcio”

Entrevista a João Manuel D’Oliveira Antunes, Presidente da União de Freguesias de Linda-a-Velha, Algés e Cruz Quebrada/Dafundo

As próximas Eleições Autárquicas ainda vêm longe, mas já fazem correr muita tinta, especialmente pela limitação de mandatos (que irá atingir alguns autarcas históricos) e pela separação de Freguesias (que pertenciam a uma União e este ano “concorrem sozinhas”).

No nosso concelho não acontece nada do anteriormente referido, mas importa perceber como está a situação nas freguesias oeirenses.

Neste sentido, o “Notícias de Oeiras” foi entrevistar João Manuel D’Oliveira Antunes, Presidente da União de Freguesias de Linda-a-Velha, Algés e Cruz Quebrada/Dafundo, que fez um pequeno “ponto de situação” da “sua” Freguesia.

O líder da UF ALCD começou a sua intervenção por destacar as obras feitas nos últimos tempos, como o Espaço Multiusos (em Linda-a-Velha), a requalificação das calçadas na Av.dos Combatentes da Grande Guerra (em Algés) e na Av. Fernão Lopes (em Linda-a-Velha), o rebaixamento de passeios junto às passadeiras de peões e a requalificação (limpeza e pequenas obras) das escolas (principalmente as primárias).

Outras das grandes obras feitas durante este mandato foi a requalificação do Largo Augusto Madureira (em Algés), cujo pavimento abateu, em princípio devido às fortes chuvas que afetaram a região nos dias anteriores, e a intervenção na Ribeira de Junça, para evitar inundações no Dafundo.

Em relação ao Largo Augusto Madureira foi colocada uma “bacia de retenção” que ainda não foi posta à prova, mas que comporta bastante água, devendo reter as águas das chuvas por cerca de 1 hora.

Já no que toca à Ribeira de Junça, a saída da água desta ribeira já está em pleno Rio Tejo (na zona de Pedrouços) e foi removida a areia que por vezes entupia a anterior saída e provocava as fortes inundações. No entanto, ainda há trabalho a realizar, nomeadamente no túnel da Ribeira, que precisa de ser requalificado, acontecendo já a substituição de algumas lajes desgastadas.

Relativamente à percepção que os munícipes têm sobre o trabalho da Junta, o Presidente destacou o alarmismo injustificável que o Movimento Evoluir Oeiras provocou na população de Algés, ao afirmar que Algés ia toda cair, que a Av. dos Bombeiros Voluntários de Algés ia cair e não se podia passar por lá. Tal situação levou muitas pessoas a se deslocarem aos serviços da Junta perguntado qual era o problema, o que atrapalhou o normal funcionamento desta, pois a população teve de ser acalmada, o que naturalmente leva o seu tempo; na realidade, ainda nada caiu.

Sobre uma eventual candidatura, João Manuel Antunes não quis “abrir o jogo”, pois depende de vários fatores relacionados com as candidaturas à Câmara Municipal, mas no caso de ser reeleito ainda terá muito trabalho pela frente, pois uma das grandes questões de Algés é a “problemática” Av. da República, que tem um grande fluxo de trânsito, pouco ou mesmo nenhum estacionamento e um grande fluxo de pessoas, tornando a zona num autêntico caos. Um parque de estacionamento junto à escola existente na zona poderá ser uma das soluções.

A outra grande preocupação dos líderes da UF ALCD é a anteriormente referida Ribeira, que terá de ser vigiada, e talvez uma duplicação da Ribeira seja uma das soluções para resolver o problema.

Em relação a obras, prevê-se também a construção da Casa da Cultura, em Linda-a-Velha (nos terrenos do antigo Quartel), que ainda poderá ser maior e ter mais impacto que o Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Uma das grandes queixas dos fregueses de UF ALCD, nos últimos anos, tem sido o trânsito e o estacionamento, especialmente nas localidades de Algés e Linda-a-Velha; no entanto, João Manuel Antunes desvaloriza dizendo que as novas tarifas e regulamentação do trânsito já permitem arranjar alguns espaços para estacionamento de viaturas na Baixa de Algés, no Parque da Avenida e nos novos parques de estacionamento de Linda-a-Velha, e que a situação ainda vai mudar com a criação de outros parques de estacionamento: na Estrada das Biscoiteiras (Linda-a-Velha) e na Av. Pedro Álvares Cabral (Dafundo/Cruz Quebrada).

Sobre o trânsito, o Presidente da UF ALCD defende a criação de uma rotunda na Rua Damião de Góis, que permitiria escoar o intenso trânsito que se “junta” naquela zona, assim como aconteceu com a criação de uma rotunda na zona de Junça, que escoou o trânsito que entrava em Algés vindo de Linda-a-Velha.

Outra das grandes preocupações dos Fregueses é a segurança, que foi posta à prova, num recente desentendimento de um casal de Linda-a-Velha, que provocou a ira do elemento masculino que tentou pegar fogo ao restaurante da esposa. A situação podia ter sido uma tragédia, mas tudo não passou de uns vidros partidos, graças à intervenção de um guarda-noturno que “espantou” o agressor.

Para o líder da Freguesia, a situação é “um caso de polícia” e que os guarda-noturnos já são escassos, é uma profissão em desuso, que vivem das comparticipações dos moradores, que atuam sozinhos (o que pode ser perigoso) e que só conhece um guarda mais ativo, que até costuma andar na zona de Carnaxide. Há uns anos, a profissão era muito valorizada e o nosso interlocutor ainda se lembra do tempo em que o guarda-noturno acendia e apagava as luzes da loja que o pai tinha na zona, e que em Algés havia uns 2 ou 3 que até vinham munidos de uma grande espada, e das chaves das lojas todas.

Como dissemos no início do artigo, algumas uniões de Freguesia vão acabar, apesar do nosso município não ser afetado por tal medida, mesmo assim, João Manuel Antunes deu a sua visão referindo que “antes de ser eleito, até achava que a separação entre Algés e Linda-a-Velha era uma coisa natural, depois de ser Presidente cheguei à conclusão de que não é, vamos estar a dividir recursos onde eles fazem falta unidos; todas as Freguesias têm de ter um Advogado, um Engenheiro, portanto se dividirmos teremos que ter 2 Advogados e 2 Engenheiros, depois mais contabilistas, mais recursos humanos e sempre é mais fácil um casamento [União] do que um divórcio [Separação]”.

“Nas zonas mais remotas uma Junta de Freguesia torna-se importante, dá mais proximidade, mas aqui há muita gente e é tudo muito próximo, há muitos recursos”, acrescentou o autarca.

A terminar, João Manuel Antunes deixou uma mensagem aos nossos leitores: “Nós [Junta] estamos cá para ajudar as pessoas, as pessoas são o mais importante para nós, e sem isso não vamos a lugar nenhum; o pequeno problema das pessoas, que para as próprias pessoas é grande, tem de ser resolvido por nós, e isso é o mais importante”.