Home DESTAQUE Os homens pouco ou nada sabem sobre infertilidade masculina

Os homens pouco ou nada sabem sobre infertilidade masculina

Muitos nunca ouviram falar de doenças do trato genital masculino que podem comprometer a fertilidade, o bem-estar e a saúde sexual. Infeções sexualmente transmissíveis, como a gonorreia, também continuam fora do radar masculino.

Termos como orquite ou epididimite são desconhecidos, o que revela um défice de literacia e de acompanhamento médico preventivo. Segundo o inquérito “Atitudes em relação à fertilidade masculina”, realizado pela GFK em todo o país, mais de 40% dos homens afirmam nunca ter ouvido falar destas doenças.

“As mulheres beneficiam, desde cedo, de protocolos regulares de vigilância, através de consultas de ginecologia, rastreios e campanhas de sensibilização. É preciso criar rotinas e campanhas específicas para eles”, salienta o Dr. Samuel Ribeiro, especialista em medicina da reprodução e diretor clínico do IVI Lisboa.

Os homens praticamente não recorrem a consultas preventivas e as campanhas de sensibilização são pontuais, concentradas sobretudo em novembro e, ainda assim, focadas no cancro da próstata e dos testículos.  “O mês de sensibilização é importante, mas manifestamente insuficiente. É preciso reforçar a prevenção e a educação em saúde masculina ao longo de todo o ano”, acrescenta o especialista.

Falta de literacia é transversal a todas as idades

Os resultados, obtidos junto de homens com idades entre os 30 e os 50 anos, mostram que o desconhecimento é transversal às várias faixas etárias, mas é entre os 40 e os 50 anos que o défice de informação se torna mais evidente, precisamente a idade em que muitos tentam ser pais ou aumentar a família.

Em relação à epididimite, uma inflamação do canal que transporta e armazena os espermatozoides,  49,2% admitem desconhecimento total e 28% referem apenas noções vagas.

No caso da orquite, inflamação do próprio testículo geralmente associada a infeções virais ou bacterianas, 49,4% dos participantes revelam não ter qualquer informação e 31,7% reconhecem saber pouco.

A gonorreia também está fora do radar de muitos: 44,6% dizem ter pouca informação e 24,7% desconhecem-na por completo. Quanto à infertilidade secundária (quando a dificuldade em engravidar surge após já se ter tido um filho) é um conceito pouco familiar para 41,3% dos homens e desconhecido para 32,2%.

Já no caso da ejaculação retrógrada, 46,4% afirmam saber pouco e 30,6% nunca ouviram falar. E aqui são os mais jovens, entre os 30 e os 39 anos, a apresentar percentagens mais elevadas de falta de informação (48,6% têm pouca informação).

“Estes dados confirmam que existe um vazio de literacia em saúde masculina. Sem acompanhamento médico de rotina com acontece com as mulheres, não são expostos à mesma quantidade de informação preventiva. Na prática, procuram ajuda quando têm sintomas e, muitas vezes, tardiamente”, afirma o Dr. Samuel Ribeiro.

Sedentarismo e obesidade também são desvalorizados

A primeira parte do inquérito, divulgada no início do ano, já tinha mostrado que 67% dos homens pouco ou nada se preocupam com a possibilidade de poderem vir a ter problemas de fertilidade, apesar de 71% afirmarem conhecer alguém que enfrenta essa situação. Esta perceção de distância face ao problema parece estar associada ao desconhecimento dos fatores e das doenças que podem comprometer a fertilidade.

Embora exista consciência dos efeitos negativos do tabaco, do álcool e da má alimentação, fatores como o sedentarismo, a obesidade ou a idade continuam amplamente desvalorizados. Os resultados agora divulgados reforçam a existência de falta de literacia em saúde masculina, não apenas sobre os hábitos que interferem com a fertilidade, mas também sobre as doenças que afetam diretamente o aparelho reprodutor.

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